terça-feira, 12 de agosto de 2008

A corrupção da compra de votos

* Edivan Rodrigues Alexandre

Trama o ímpio contra o justo e contra ele ringe os dentes.
Rir-se-á dele o Senhor, pois vê estar-se aproximando o seu dia.
Os ímpios arrancam da espada e distendem o arco
para abater o pobre e necessitado,
para matar os que trilham o reto caminho.
A sua espada, porém, lhes traspassará o próprio coração,
e os seus arcos serão espedaçados.
Mais vale o pouco do justo que a abundância de muitos ímpios.
Pois os braços dos ímpios serão quebrados,
mas os justos, o SENHOR os sustém.
(Salmo 37: 12-17)


Infelizmente, ainda é presente em nossa sociedade a prática ilegal da compra de votos. O voto é o único instrumento de melhoria de vida que possui o cidadão, quando usado de forma consciente, mas quando é vendido, transforma-se na chave que abre as portas do dinheiro público para os políticos corruptos.

A falta de educação de boa qualidade para nosso povo é uma das causas da cultura da compra de votos. É por isso, que se investe tão pouco em educação e se paga tão mal aos nossos professores. Um povo educado, um eleitor consciente jamais aceitaria sequer uma proposta de compra de seu voto, pois saberia que esta proposta representa a entrega do seu município a um corrupto.

Quem compra votos é corrupto, marginal e criminoso. O candidato que se elege comprando a consciência de eleitores, de cabos eleitorais e de famílias, representa o que há de pior na política e na sociedade.

Políticos assim podem ser comparados aos traficantes de drogas, que se enriquecem a custa do sofrimento alheio. Enquanto o traficante fica rico vendendo droga e matando pouco a pouco o viciado, o político que compra voto tira o que há de mais precioso no eleitor, que é o seu direito de escolha (sua consciência), e depois se enriquece com o dinheiro dos cofres públicos e desvia recursos que seriam destinados para a educação, saúde e emprego daquele eleitor.

A Revista Veja (edição de 28 de abril de 2004) afirma que os políticos corruptos desviam cerca de vinte (20) bilhões de reais por ano dos municípios brasileiros, inviabilizando com isso políticas sociais, como o bom fornecimento de água potável, a instalação de redes de esgotos e a uma boa educação.

Vender o voto não é um ato de “esperteza”, assim como votar efetivamente em que compra seu voto não é um ato de “lealdade”. Votar em quem lhe deu uma pequena oferta em dinheiro, material de construção, dentadura, promessa de emprego ou outra vantagem ilícita e com isso colocar o político corrupto no comando e gerenciamento de milhões de reais em verbas públicas (que pertencem a todos nós) não é uma atitude muito inteligente, não acha? Quem de fato é o esperto?

Eleitor amigo, o trabalho da Justiça Eleitoral é tentar ajudar você a votar consciente, livre de pressão ou de corrupção. Não votar em candidatos que compram votos ou se aproveitam de dinheiro público para conquistar votos já é um bom começo.

A Justiça Eleitoral tem combatido essa prática. Em todo Brasil já foram cassados 623 políticos por compra de votos, dentre estes 508 prefeitos e 84 vereadores. No entanto, o maior julgador dos políticos que compram votos para serem eleitos é o próprio eleitor. O eleitor conhece e sabe que são esses políticos. O Eleitor não precisa esperar anos e anos por um processo (como acontece na Justiça), pois no dia da eleição, no ato de votar, julga imediatamente e tem o poder de punir os candidatos corruptos de forma soberana e sem lhe dar direito de recurso.

Que poder tem o eleitor! Basta que se conscientize, não votando em candidatos corruptos, que distribuem carros e dinheiro a cabos eleitorais, para fins de compra de votos, e os que aliciam de forma ilegal apoios de adversários.

O primeiro juiz da eleição é o próprio eleitor. Espera-se do eleitor brasileiro que aprenda que voto não tem preço, tem conseqüências e que voto vendido é consciência perdida.

Cajazeiras-PB 11 de agosto de 2008





Edivan Rodrigues Alexandre
Juiz Eleitoral da 42ª. Zona Eleitoral – Cajazeiras-PB
Licenciado em Filosofia pela FAFIC – Cajazeiras
E-mail: edvanparis@uol.com.br

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